"Eu pego na palavra e acaricio-a como se fosse somente forma humana, as suas linhas extasiam-se e navego em cada ressonância do idioma: pronuncio e sou e sem falar o fim das palavras aproxima-me do mais fundo silêncio.
Bebo pela palavra levantando uma palavra ou taça cristalina, por ela bebo o vinho do idioma ou a água interminável, fonte materna das palavras, e taça e água e vinho tecem o meu canto porque o verbo é origem e cria vida: é sangue,
é o sangue que expressa a sua substância e está designada assim a evolução: dão cristal ao cristal, sangue ao sangue, e vida à vida, as palavras."
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"Eu pego na palavra e acaricio-a
como se fosse somente forma humana,
as suas linhas extasiam-se e navego
em cada ressonância do idioma:
pronuncio e sou
e sem falar o fim das palavras
aproxima-me do mais fundo silêncio.
Bebo pela palavra levantando
uma palavra ou taça cristalina,
por ela bebo
o vinho do idioma
ou a água interminável,
fonte materna das palavras,
e taça e água e vinho
tecem o meu canto
porque o verbo é origem
e cria vida: é sangue,
é o sangue que expressa a sua substância
e está designada assim a evolução:
dão cristal ao cristal,
sangue ao sangue,
e vida à vida, as palavras."
Pablo Neruda in "Plenos Poderes"
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