"O poeta – começa a falar de longe. Ao poeta – a fala leva-o longe. Por planetas,agoiros, buracos de fábulas Sinuosas… Entre sim e não, mesmo Ao lançar-se do campanário fará Um rodeio… Porque a roda dos cometas –
É a rota dos poetas. Com os elos dispersos Da causalidade– se liga! Com a fronte Virada ao alto – te desespera! Não constam Do calendário os eclipses do poeta. É aquele que baralha as cartas, ilude O peso e a medida, o que faz perguntas Interrompendo a professora, é aquele Que desbarata o Kant.
É ele quem, no pétreo caixão das Bastilhas, Se ergue como árvore em toda a sua beleza. Aquele de quem se perdem sempre as pegadas, É aquele comboio que toda a gente Perde…- Porque a rota dos cometas É a rota dos poetas: queimando sem calor, Arrancando sem semear – explodir, romper – O teu rumo, a tua curva de crinas, Não consta do calendário!"
Marina Tsvetaeva (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra)
5 Comments:
os poetas têm sempre uma perspectiva que vai mais além.. do que está ao alcance de todos.
Será assim tão difícil, procurar a poesia do quotidiano...?
"O poeta – começa a falar de longe.
Ao poeta – a fala leva-o longe.
Por planetas,agoiros, buracos de fábulas
Sinuosas… Entre sim e não, mesmo
Ao lançar-se do campanário fará
Um rodeio… Porque a roda dos cometas –
É a rota dos poetas. Com os elos dispersos
Da causalidade– se liga! Com a fronte
Virada ao alto – te desespera! Não constam
Do calendário os eclipses do poeta.
É aquele que baralha as cartas, ilude
O peso e a medida, o que faz perguntas
Interrompendo a professora, é aquele
Que desbarata o Kant.
É ele quem, no pétreo caixão das Bastilhas,
Se ergue como árvore em toda a sua beleza.
Aquele de quem se perdem sempre as pegadas,
É aquele comboio que toda a gente
Perde…-
Porque a rota dos cometas
É a rota dos poetas: queimando sem calor,
Arrancando sem semear – explodir, romper –
O teu rumo, a tua curva de crinas,
Não consta do calendário!"
Marina Tsvetaeva (tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra)
"O que escrevo de versinho
É na verdade o que sinto
Mas porque procuro a forma
De qualquer forma minto
O que eu quero era poder
Dar naquilo que escrevesse
De tal modo o que me sou
Que a todos apreendesse
Sem os prender no entanto
Deixando-os livres de ser
Mas que sentissem então
O que eu fosse sem dizer
Ser poema e não poeta
É que vejo como um alvo
Se o não for para que vivo
Mas se for me vivo e salvo."
Agostinho da Silva
upss ...
a anónima sou eu :)
tu és a 'anónima'.. tsss.. já tava a pensar em começar a ler só os comments neste blog, de tão bons :D
brincadeirinha, não quero deixar escapar nada ;)
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