Monday, July 31, 2006

Epitáfio para um poeta

As asas não lhe cabem no caixão!
A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.
Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Não vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?
Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!

José Régio, Filho do Homem

Onde Dormem Os Anjos by Luís Lobo Henriques

1 Comments:

Blogger Lálica said...

lindo..

tou a ouvir o 'cinema' de Rodrigo Leão.. e este poema, 'representou-se-me' na frente :)

4:57 PM  

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