Tuesday, June 27, 2006

O Poeta no Café de Província

Milky Way Coffee by Murrrzilka

(...)

II
Um fogacho, um lampejo
vale a pena provocá-los?
vale a pena estender os lábios para um beijo
inútil, que não gera?
Vale a pena estar à espera
não se sabe de quê,
sentindo frio, frio? ...

À mesa do café
o poeta escreve versos,
versos desmesuradamente compridos,
desmesuradamente sentidos,
estilísticamente certos ou incertos,
com rima ou sem rima (tanto faz ...)

— Eh, rapaz!
Um cálice de absinto
para imitar Verlaine e os poetas malditos.

(Mas cautelosamente...
Aqui não se toleram mitos!
Há ladrões! Fechem as casas!)

E a monotonia a armar o andaime...

— Vá, asas,
élitros
de insetos, pássaros ou anjos,
esvoaçai,
palpitai,
acordai-me!

Saul Dias

2 Comments:

Blogger Lira said...

"O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo.
(...)"

(in "Mensagem", de Fernando Pessoa)

3:10 PM  
Anonymous Anonymous said...

Nice idea with this site its better than most of the rubbish I come across.
»

10:43 PM  

Post a Comment

<< Home